domingo, 3 de janeiro de 2016

Dois

Ele se afogou na gota do próprio sentimento que depositou no coração dela. E ela, que achou exagero amar demais, saiu do que havia entre os dois de mãos vazias, mas com a leveza de uma pluma. No final, seu amor foi suficiente. Ela se doou e sentiu tudo aquilo que ele se negou. Ela fluiu e ele ficou, preso no raso, dilacerado pelo arrependimento. E num último gesto de delicadeza e simpatia ela beijou seu rosto e desejou que ele pudesse conhecer a profundidade de um amor verdadeiro como ela havia conhecido, e o agradeceu por isso. Ele não entendeu porque o coração dela estava em paz, e ela não tentou explicar, mas torceu para que um dia ele pudesse entender o que havia acontecido. Os dois se despediram. Ela sorriu e acenou um adeus com toda a sua verdade. Ele foi, mas ficou. E olhou para trás algumas vezes e foi percebendo o que havia deixado pelo caminho, engoliu a seco todo o seu arrependimento, e lamentou, mas não havia mais salvação para ele.

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